segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Para Ademir Assunção
A arte de flambar rabinos
Deixa-me permear
Pelo impermeável em ti
A pele já não descasca
Trespassa
Na esperança de osmosear
Com o poeta que eu nunca li
Nessa prisão de lucidez
Tento arrancar minha tez
Mas meus poros dilacerados
Clamam por ti logo, de vez
Ah, Ademir, não vês?
(inspirado na espectadora deslumbrada do Zona Branca)
Valeu o domingo, Pinduca!
O gênio e o biólogo
O biólogo encontrou uma lâmpada mágica. Vou dissecar, pensou. Estudou sua anatomia. É fêmea, apurou. E ansioso, a esfregou. Por entre a fumaça apareceu o gênio. Era macho. Ora, ora, não é que Darwin errou?
- O senhor tem direito a três pedidos.
O biólogo, espantado, tentou fazer um três com a mão, mas o dedão não alcançava o mindinho. Merda!
- Eu não tenho o dia inteiro.
- Dá pra ter um pouco de paciência?
- Tudo bem, mas esse foi seu primeiro pedido.
- Como assim?
- Seu primeiro pedido foi para que eu tivesse um pouco mais de paciência.
- Mas que palhaçada é essa? Fala sério.
- Seu segundo pedido. Estou falando sério. Você só tem mais um.
O biólogo, furioso, bufou, jogou a jaqueta para trás, andou em círculos, fumou três cigarros e teve a grande sacada.
- Eureca! Dividirei meu pedido único
O gênio, já sem saco, materializou uma garrafa de Salentein tríplice e desapareceu. O biólogo serviu o vinho numa taça, o fez bailar no copo, inspirou o aroma e saboreou o primeiro gole.
- Ah... Malbec! Meu predileto.
O biólogo jamais conseguiu o emprego na vinícola.
Para Daniel Cavana.