segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu ria pacas com esse cara.

terça-feira, 23 de novembro de 2010


Às vezes eu tenho vontade de te ligar para falar umas coisas bobas. Falar que você pode se cadastrar na promoção do celular e pagar apenas 25 centavos na ligação. Falar para você não ser distraído como eu e deixar um tubo de sapólio ao lado do de shampoo porque o cabelo fica uma merda. Falar que o ralo da banheira tá entupido e entalado e que jogar óleo de cozinha não adianta. Falar também que a reforma do prédio ao lado começa cedo e a britadeira me acorda. Que na sexta-feira eu estava na TPM e fiquei com um nó na garganta na fila do Bradesco, só porque o cara à minha frente usava um perfume barato que me deprimiu. Que eu achei que 22 reais não dariam pra pagar o último táxi que peguei e isso me agoniava na frequência de mudança do taxímetro. Eu fiquei devendo quarenta centavos, queria te falar isso também. Que eu me divirto quando sai quebra pau no site de discussão de jogos. Que as batatas que eu comprei acabaram brotando e que lançaram por tempo limitado um Hershey´s aerado. Que eu sou incapaz de organizar meus filmes e por isso os escolho ao acaso. Que eu estou relendo os 64 contos do Rubem Fonseca porque histórias longas têm me feito dispersar. Que eu matei um pernilongo de madrugada, na primeira tentativa, mas não achei seu corpo.  Tenho vontade de te ligar só pra te dizer, ouvindo teu difícil sorriso do outro lado da linha, que, às vezes, é simples assim.

domingo, 21 de novembro de 2010


-Pai, essa camisa tá muito apertada.
-Mas eu comprei na Zara.
-Tá, mas não ficou legal.
-Bom, na próxima vez compro no Zacó.


sexta-feira, 19 de novembro de 2010


Vou lá prestigiar o, segundo Mirisola, "crássico". Com a bênção do texto do Márcio Américo e os impagáveis Batata e Wiltão.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

-Paixão antiga sempre mexe com a gente
-Ah, não, Tim. Já não bastou o Erasmo agora vem você?
-É tão difícil esquecer
-Se é, meu caro. E não tô acreditando que você apareceu
-Basta um encontro por acaso e pronto
-Acaso nada, eu sei onde ele vai
-Começa tudo outra vez
-Não é bem assim, eu me faço de difícil
-E vendo você
-Palpita tudo, né?
-O coração parece que vai saltar
-Tá, saltar, palpitar, dá na mesma
-Pelo meu corpo saudade em todo lugar
-Nem me fala, uns lugares que nem nome científico têm
-E eu, sem disfarçar, te como com meu olhar
-Cara, eu emagreci pacas, vai ver que é essa coisa de comer com o olhar
-Foi bom demais, não tinha que acabar
-O único amor que dura é o não correspondido
-Meu bem, quando eu te vi, tudo voltou
-Já não disse que sei onde ele vai? É óbvio que vai me ver.
-E eu compreendi
-Taí nossa diferença
-Que eu te amo, quero, adoro sempre mais
-Pensando bem, somos bem parecidos
-Deixa o coração te seduzir
-Tenho arritmia. É sério.
-Não dá mais pra disfarçar
-Não dá mesmo, eu fico vermelha
-Deixa o sentimento decidir
-Desde quando sentimento decide alguma coisa?
-Já é hora de voltar
-É... Pra realidade... Peraí, volta, me dê os motivos de tudo isso. Amor não dura sete mares? Porra, Tim...
Agora é isso. Não posso assistir filme noir que me apaixono irremediavelmente pelo protagonista de tiradas sarcásticas e simulado desprezo por mulheres fatais. Bola da vez: Alan Ladd do alto de seus 1,65 m em A Chave de Vidro, adaptação do romance homônimo de Dashiell Hammett. Ligando agora pro chaveiro. Oi, aqui é Veronica Lake e a coisa é urgente.
-Desculpa não ter respondido sua
-Tá tudo bem.
-É que, você sabe, eu
-Eu sei.
-Isso de você saber tudo, o tempo todo, é embaraçoso. E além de tudo tem
-Ausência de reciprocidade.
-Você não deixa eu terminar uma frase e
-Eu tiro minhas próprias conclusões.
-Essa sua arrogância
-Dê o nome que quiser, não importa mais. Vai, joga.
-Eu passo.
-Foi o que eu imaginei.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

- Este quadro é de Jackson Pollock, não é?
- Sim.
- O que ele representa para você?
- Ele representa a negatividade do universo. O abominável e solitário vazio da existência. O Nada. A condição do Homem forçado a viver em uma árida eternidade desprovida de Deus, como uma breve chama piscando no imenso vácuo com nada a não ser lixo, horror e degradação, presa em uma inútil camisa-de-força em meio ao cosmo negro e absurdo.
- O que você pretende fazer sábado à noite?
- Cometer suicídio.
- Hum... E na sexta?


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PS.: No mais, saudade daquele nosso rock and roll.

sábado, 13 de novembro de 2010

Tem dia que amanhece errado, como as grandes esperanças de Dickens esquecidas num sebo qualquer.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E um amável casal que acaba de se mudar toca a campainha. Pedem um saca-rolhas, animadíssimos. Emprestei. Daí não sei porque fui me olhar no espelho e dei de cara com uma poça de requeijão nos meus lábios. É, poetando para diminuir o mico, porque tudo que me veio à cabeça foi aquela cena de Quem vai ficar com Mary? Não creio que peçam mais alguma coisa tão cedo.
Eu não sei cuidar de flores. Matei um cacto, te contei?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Você coloca no DVD Player A Tree Grows in Brooklyn, do Elia Kazan, e é presenteada com um show de uma cantorazinha pop australiana que fica repetindo nananananana. Então você o coloca na pilha onde descansam filmes com legenda apenas em chinês e outros que travam no primeiro plot point. Por sorte você tem outros do Kazan e leva de brinde o Gregory Peck que se passa por judeu por oito semanas para escrever uma matéria sobre antissemitismo. Você adormece logo após o The End e acorda com o telefone. Você me mandou um torpedo com um asterisco? Além do meu hotmail, que eu já tentei eliminar de todas as formas possíveis, estar espalhando vírus, meu celular anda espalhando asteriscos. E eu me olho no espelho e tomo um susto porque estou, legalmente, loira demais. E agora pra feira. Avante. É isso, mulher!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A gente se mete a escrever porque não sabe lutar boxe nem tem colhões para isso, porque tem os dentes tortos e não pode sorrir como gostaria, porque para os impotentes de todo tipo não há outro caminho, porque todos os feios escrevem ou assassinam e a gente não é capaz de matar nem uma mosca, porque escrever dá importância, porque para chamarem alguém de escritor não é preciso escrever bem, mas para chamarem de filho-da-puta não importa se sua mãe é uma santa, porque tem medo de ficar à deriva sem fazer nada, porque não pode beber toda noite, porque ama a Deus mas odeia as sociedades sem fins lucrativos, porque não tem namorada, porque não há emoções mas insultos, porque na sua casa não tem televisão e o rádio quebrou, porque a mulher do vizinho é gostosa, porque tem medo de ficar careca e por isso evita os espelhos. A gente se mete a escrever porque não se atreve a assaltar um supermercado, porque ama a mulher e ela é namorada do garoto esperto da rua, porque não há revistas pornográficas suficientes, porque quer fazer alguma coisa além de cagar e se masturbar, porque não é o garoto esperto da rua nem o garoto forte nem o engraçado, porque é o garoto nada, porque não vale um tostão furado, porque apanha lá fora, porque sua mãe grita o tempo todo, porque não há ilusões nem luz no fim do túnel, porque sua mãe grita o tempo todo, porque sua mente voa baixo e nunca será outro Cioran, porque não tem coragem para saltar, porque não quer a esposa feia que merece, porque tem medo de morrer sem ter comido um belo cuzinho, porque não tem pai, amigos, nem fortuna, porque não tem o jeito de cuspir do Clint Eastwood, porque se paralisa entre uma e outra intenção, porque era uma vez o amor mas eu tive que matá-lo.

Efraim Medina Reyes 

(N.E.: a gente se mete a escrever porque é a cara do Paulo Ricardo e não suporta isso)


Tungado do Carcarah, com exceção da infame nota do editor, que é minha.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Se você realmente me quer, vai ter que vir até mim.
Ele vai.
The End.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pra começar a semana. Mazel Tov!

domingo, 7 de novembro de 2010

O filme é Brilho eterno de uma mente sem lembranças. A cena é a seguinte, o personagem do Mark Ruffalo estaciona seu furgão e desce.
-Esse Mark Ruffalo é meu sonho de consumo.
-Ah, eu também me amarro num furgão, mas acho o Smart bem mais prático.
E ainda faltam 499 filmes...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A gente nunca devia contar nada a ninguém. Mal acaba de contar, a gente começa a sentir saudade de todo mundo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

 Ser solidário é oferecer o pescoço ao sacrifício.  Se for o caso, contrariar os próprios interesses em favor do injustiçado. A mesma lógica que funciona para quem dá sem esperar algo em troca – por desapego. E mais, sem esperar reconhecimento e/ou retribuição: uma vez que a solidariedade é mais do que um gesto, pois se trata de doação. E a doação não aufere pesos nem medidas: mesmo porque o injustiçado pode ser um canalha e a justiça pode se revelar uma injustiça cabeluda. 
Tem mais. Não julgar sob hipótese alguma. Sobretudo aquele que é incapaz de agir da mesma forma que você (porque existe a grande possibilidade de que você também esteja errado ...) portanto, ser solidário é encarar o cuspe como se fosse o beijo e vice-versa. A partir daqui, em tese, subiríamos um degrau. Vamos falar de compaixão. Que nasce da solidariedade gratuita: o tipo de sentimento que jamais ameaça ou condena, apesar de todos os pesares. Algo que se compartilha de igual para igual, nem de cima para baixo nem de baixo para cima. Daí brota o perdão, quase que despercebido. Nem precisa ser nomeado. 

Marcelo Mirisola

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

-Então, você já está na idade da loba, já passou por todo tipo de relacionamento e agora que tá aí, toda apaixonada por aquele cara, tem agido como adolescente. Você não pode esperar um pedido de casamento por conta de algumas coisinhas que você fez com a presunção de tornar óbvia a sua intenção. Não é assim, ele pode não ter percebido nada. E, além do mais, você não é tão óbvia quanto pensa. Tó, leia esse livro.
-Ai, autoajuda?
-Dri...
-E se ele fizer parte dos homens que correm das lobas?
-Dri...
-Tá bom, tá bom, eu leio.