ele faz o sinal da cruz antes de comer
eu acho bonito isso
de deus vir assim
em cores tristes
de seleta de legumes
domingo, 26 de agosto de 2012
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
saca aquela cena de true lies, a metralhadora descendo a escada e matando uma pá de terroristas? eu me amarrava no ex-governador da califórnia. de verdade. eu queria ele cantando love me tender no videokê que eu ganhei numa rifa. o bicho tem até torcida simulada, umas palmas, essas coisas que empolgam a gente. não é nada disso. não teve rifa nenhuma e schwarzenegger é a pior coisa que poderia acontecer com o elvis. eu comprei essa porcaria de videokê porque de todas as merdas que eu tava pra fazer essa era a mais inofensiva. acho que eu tô sentindo falta de você cantando baixinho ou criando histórias pras pessoas que você escolhia ao acaso na lista telefônica. tinha uma em particular. linda. começava num vagão de metrô em paris e ela lia a última fábula dos irmãos grimm. eu queria que você voltasse. pra me contar o final. pra inventar um outro final. ou pra me ajudar a lembrar em que filme o joe pesci manda uma xícara de café pelando goela abaixo. a cafeteira, essa sim, eu ganhei numa rifa de natal.
domingo, 12 de agosto de 2012
a gente pensa na melhor
maneira de dizer algo, até separa umas palavras no aurélio, finge que entende o
que são acepções, etimologias, parônimos. derivação por sentido figurado, olha
isso! a gente olha pro relógio e se dá um prazo, uns vinte minutos, pra
desenrolar a coisa de vez. e se permite um terceiro tempo, uma disputa por
pênaltis, simula um w.o. olhando pro teto. faz uma bolinha de papel com o saco
de pão e tenta acertar a cúpula do abajur. e erra. e faz chover migalhas no
tapete bolando uma armadilha pra baratas. e a chama de kafta pelo prazer de um
trocadilho infame ou total incompetência no dialeto tcheco. ou porque a gente
sente que certas associações já estão batidas demais. como aquele algo que a
gente tem que dizer. e engole até o dia seguinte. até que o suco gástrico o
transforme em nada.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
howlin’ wolf anda falando
comigo e - thanks devil - não há cura para a esquizofrenia. não, brother, isso
passa longe da mente brilhante do russel crowe. isso é você descobrir que
passou a vida toda com uma sutura no ciático pra uma garota chegar e arrancá-la
com os dentes. assim mesmo. morfina free.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
eu fico pensando no cara que
acorda de manhã e tem a ideia estapafúrdia de fazer um filme sobre quatro manés
que vão surfar no senegal. aí eu penso no produtor executivo que topou bancar a ideia estapafúrdia de um filme sobre quatro
manés que vão surfar no senegal. tá, tem trocentas outras coisas que eu poderia
incluir numa top list de temas para abalar corações. mas faz tempo que perdi a
mão. faz tempo que john steinbeck não me faz chorar no quesito desgraça humana.
eu passo praticamente o dia todo com o tapa-olho que ganhei num voo da tam
junto com amendoins. umas porras duns amendoins que apitavam na boca feito
queijo coalho e faziam o velho ao meu lado meter um sorriso sacana na cara. é,
o velho john que eu ando desprezando já tinha cantado a bola em 1947. o destino
viaja de ônibus, baby. o baby foi por minha conta mesmo. pra você lembrar
daquele filme com a brooke shields. porque eu não vou me perdoar se você,
agora, perder seu sono por conta de um sonho estapafúrdio com quatro manés que
vão surfar no senegal. não vou mesmo, pretty.
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
olha, não tá tão difícil assim. ainda
tem o velho pick up da gradiente e o travis tá bem. uma vez por dia eu coloco o
espelho pra ele ficar lá, lutando com ele mesmo. depois ele se entope de flocos
de alga numas de comemorar a vitória. o travis é um peixe bacana, a gente não
precisa esperar muito dele. e quando eu
me aproximo eu sempre digo: netuno está presente. eu falo bem pausado, com
impostação de voz e tudo. sei lá, acho importante ele acreditar nisso. mas como
eu tava falando, tá tudo bem. quer dizer, aquela garota anda ligando. ela
estragou um bocado as coisas entre a gente, né? mas eu tento pensar em coisas
mais destruidoras, como o que aconteceu com o marvin gaye. é foda o when we get
that feeling. eu chamo de doer pra cacete mesmo. eu não sou tão boa quanto o
travis nisso de esquecer. ah, eu quebrei
uma xícara. no mais, tá tudo no lugar. só de vez em quando eu inverto as
almofadas do sofá e assisto televisão de ponta cabeça. só pra rir um pouco da
cara do burt lancaster. fica realmente engraçada.
sábado, 4 de agosto de 2012
a gente ouvia the kinks, não era? tava bem quente no horário de brasília, e não
tinha fuso nenhum, a gente não parava de suar. e você tentando abrir aquela
latinha de creme nivea, e sua mão girando em falso e aquela sua risada de quem
tá falhando mas que se dane. tinha um esqueleto de lagartixa lá dentro, e você afirmando com
toda empolgação que, ao contrário do que diziam, taxidermia era a profissão
mais antiga do mundo. você a chamou de lola -a gente ouvia the kinks, não era?- e criou um passado de gladiadora
pra ela. com arena e tudo. sempre me encantou essa sua capacidade de transformar
tudo numa avant-première. trocando sem pestanejar os óculos 3d pelo brilho nos olhos do menininho que
encontrou o bilhete premiado de willy wonka - olha, eu também não gostei da versão do tim burton. hoje, my last boyscout, eu fico
imaginando que você tá só escondido numa casa na árvore. num lugar bem perto,
na esquina de baixo, num canto da sessão da tarde.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
das coisas mais bonitas que eu ouvia sobre você
de você escutar dalto trancado na despensa
treinando a assinatura de philip morris
em papel carbono
e empilhar livros de somerset maughan
porque achava o nome pomposo pacas
de bater punheta
pra jurema da lata de ervilhas
que tua mãe colocava na sopa
quando o jantar era servido
pontualmente às dezoito
de mancar por conta do velho rider
remendado com tachinhas
se dizer faquir de um país qualquer
se dizer capaz de um novo truque
com cartas de tarô
até que elas lhe disseram
que não teria muito tempo
foi quando você pegou aquela navalha
de barbear o seu avô
e estilhaçou a palma da mão esquerda
a que dizem guardar
-eu não sei se vale para canhotos-
intersecções de tudo
que ainda não aconteceu
de você escutar dalto trancado na despensa
treinando a assinatura de philip morris
em papel carbono
e empilhar livros de somerset maughan
porque achava o nome pomposo pacas
de bater punheta
pra jurema da lata de ervilhas
que tua mãe colocava na sopa
quando o jantar era servido
pontualmente às dezoito
de mancar por conta do velho rider
remendado com tachinhas
se dizer faquir de um país qualquer
se dizer capaz de um novo truque
com cartas de tarô
até que elas lhe disseram
que não teria muito tempo
foi quando você pegou aquela navalha
de barbear o seu avô
e estilhaçou a palma da mão esquerda
a que dizem guardar
-eu não sei se vale para canhotos-
intersecções de tudo
que ainda não aconteceu
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
1933 foi um ano ruim pro john fante. eu nem tinha nascido, baby, e a coisa já andava feia. e eu te digo, na responsa, não tem como aliviar. nossas úlceras já estão curtidas no domecq, algum traficante de órgãos talvez se interesse em expô-las num pie sucio no méxico e com um pouco de suerte a gente até encha de água os olhos do velho mariachi aposentado. e ele comece a jogar dardos na foto daquele cara que cometeu o disparate de compor algo do naipe de jackie tequila. eu sempre quis chamar alguém de escroque antes de me mandar daqui. acho que deus não vai se importar por isso ser de fato a única coisa que eu queira fazer. minto. antes disso eu vou arrumar um cachorro e ficar vendo ele pular umas ondas. apóia a cabeça no meu colo nessa hora, baby. deus não vai se importar com isso também.
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