cara, eu não sou a pessoa mais clara do mundo, a não ser pela falta crônico-genética de melanina, mas nem a tipologia política do pew research center teria capacidade de dar um respaldo sociológico pra tua última carta. tá, eu realmente me amarro em cartas, eu tenho essa nostalgia clichê de papeis e tintas e adquiri, inclusive, uma peculiar
cleptomania direcionada a canetas bic (coisa de morder as
tampas). mas vamos lá, vamos por partes. eu até dispenso a piada de jack o
estripador que eu sempre evoco quando digo “por partes”. primeira parte. data
de hoje. ok. segunda parte. eu,
destinatária. cara, por favor, não use mais esse apelido, me confere um ar de
libertinagem que eu não tenho. eu sou bem careta, aquilo que eu fiz foi só um
exercício de pilates. ponto. primeiro parágrafo. olha, eu quase coloquei meia
dúzia de coisas na mala e corri pra te encontrar. não, nada a ver com aquela
babaquice do vamos fugir pra outro lugar baby. as coisas na mala seriam sua
escova de dentes elétrica, o carregador do teu antigo celular, um cartão de
visita daquele teu tio advogado e o
botão da tua camisa listrada. ah, e teu maço de marlboro. eu parei de fumar e
sobraram uns sete no maço. ponto. segundo parágrafo. então, sabe as coisas na
mala? eu te faria engolir uma a uma de ponta cabeça. você, não as coisas. essa
é a forma mais próxima do castigo de prometheus que eu encontrei. não que eu me
atribua poderes divinos. por zeus, não é isso. eu tô mais praquele boneco
sinistro de jogos mortais, então do you want to play a game? eu sei que você
vai arregar, que você vai procurar o lugar mais parecido com a saia da tua mãe
pra se esconder. e mesmo lá, entre florzinhas ridiculamente dispostas, você vai ter a certeza que eu
estarei do lado de fora te esperando. sem mais, subscrevo-me.
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