sábado, 14 de agosto de 2010

Nos livros de McCarthy todo o movimento parece estar relacionado a passos, trotes de cavalos. Os diálogos são sucintos, às vezes impassíveis de uma compreensão imediata. No entanto, algo fica ressonando, ecoando, e quando você se dá conta já está totalmente tomado por um universo sem vírgulas, erguido entre silêncios. Foi sobre isso que falei na minha primeira aula do curso de roteiro. Universos. Já fiz de tudo para tentar compreendê-los. Um dos alunos deliciosamente duvidou que eu tivesse feito física na faculdade. E começamos a criar uma história, partindo de uma ilustração aparentemente estática de HQ. Estavam presentes 18 alunos (que eu já considero roteiristas, pois estava um frio de lascar), com idades de 17 a 60 anos, e de repente já havíamos criado um mundo para um protagonista que teve sua vida esmiuçada e invadida sem dó. E foi muito gratificante ter proporcionado a cada um sentir o gosto do incurável vício na ficção. Tomara que todos voltem, que outros apareçam, que comecem a enxergar o que não está exatamente visível, a ouvir o que cada boca na rua fala. Em duas horas semanais a gente vai fazer um estrago.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Drika!!! É muito bom estar entrando nesse novo universo. Essas duas primeiras aulas já me acrescentaram muito. Pode fazer o maior frio que eu estarei até o final nas aulas e desculpe por ter duvidado da sua formação acadêmica.

Adriana Brunstein disse...

Essa é a melhor coisa de dar aula, ter o retorno! E duvidar é ótimo para criar. Aguardo teu texto.
Beijo