quarta-feira, 8 de setembro de 2010


- Tô com uma fome...
- Eu fiz um feijão com paio, quer?
- Só paio?
- Poxa, pai, pra mim já é uma grande coisa. Você não criou exatamente uma Ofélia.
- Ah, não sei... não tem algum lugar aqui perto pra comer?
- Tem um bar na esquina. A comida é boa e vem bastante. O Tobias pode ir junto.
- Então vamos lá. Me lembra de chamar o Expedito pra arrumar esse fio aqui.
Folheia cardápio vai volta lê relê.
- Moça, eu vou querer esse primeiro prato, mas fala pro cozinheiro que eu não gosto de carne nervosa.
- Como é que é?
- Ele quis dizer que não gosta dos nervos da carne.
- Ah tá.
O Tobias ficou com os 3 ou 4 nervos que ele separou.
- Sabe o que eu queria agora?
- O quê, pai?
- Um cheesecake. Há anos não como um decente.
- Bom, tem lá no Havanna. Vamos?
- Mas não é daqueles massudos, é?
- Sei lá, sei que o doce de leite de lá é divino.
- Mas eu vou querer o meu com calda de framboesa.
No caminho encontramos, eu e seu Simão, Jordão e Wiltão.
- Segura o Tobias aí que eu já volto.
O segurança se aproxima, alguns clientes do shopping se sentiram ameaçados pelo Tobias. Um salsicha.
- Pai, não tinha framboesa mas tinha amora. Tó.
- Hum... É massudo. Eu bem que desconfiei. Uma porcaria.
- Pai...
- Sim?
- Você não existe.
E eu não sei porquê acabei me lembrando da história do tio Cleuso do Nelsinho Peres e sua incansável briga com a lista telefônica.

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