segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Haas gostava de sentar no chão, encostado na parede, na parte sombreada do pátio. E gostava de pensar. Gostava de pensar que deus não existia. Uns três minutos, no mínimo. Também gostava de pensar na insignificância dos seres humanos. Cinco minutos. Se não existisse a dor, pensava, seríamos perfeitos. Insignificantes e alheios à dor. Perfeitos, caralho. Mas lá estava a dor para foder com tudo. Por fim pensava no luxo. O luxo de ter memória, o luxo de saber um idioma ou vários idiomas, o luxo de pensar e não sair correndo.

2666. Roberto Bolaño.

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