a gente finge que não se importa
ter mais de 40
perda óssea
e uso obrigatório de lentes corretivas
ter se apaixonado loucamente por holden caulfield
e desprezado ferris bueller
ouvir 'brigado, tia'
ter jogado tudo pelos ares
e se atrapalhar com tecnologia touch screen
ter perdido aquele cara pruma garota
e aquele outro também
com a bombinha de aerolin no criado-mudo
e uma impaciência com parágrafos que descrevem paisagens
com o preço do restaurador pro-age-active
em passar incólume pela blitz do bafômetro
e doar nossas camisetas já curtas demais
em sentir alívio porque o que aconteceu era apenas bullying
com a solidão do quarto de hotel
e o espelho virado pra parede
a gente finge que não se importa
com um novo dia
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