terça-feira, 16 de agosto de 2011

E se eu realmente me importasse com o que você me diria agora, eu traduziria suas palavras como a fácil lição de encarar um recomeço de minha vida. Eu sei, você não me falou nada. Você simplesmente não se importa com aquilo que orbita ao redor de planetas outros que não seu umbigo. Sua trajetória é rasa e previsível. Como um estúpido recomeço. Mas eu não me importo com você nem com sua ideia rasa e previsível de que tudo está de acordo com o que lhe foi padronizado como conceito de adaptação pelos seus ancestrais e seus autores de cabeceira. E se coubesse a você a permissão para que eu discorresse agora sobre o que eu chamei antes de minha vida eu recusaria. Mas não cabe. Da mesma forma que não cabe a mim recomeçar o que nunca começou. Você não é nada mais que um daqueles amaldiçoados quadros de crianças que choram. Se te viram de ponta cabeça, se te invertem num espelho, se te inclinam poucos graus para a direita ou para a esquerda, você vai ver que está sendo devorado por um impiedoso e grotesco monstro, enforcado pelas mãos da sua mãe ou aliciado por seu socialmente exemplar vizinho. E tudo que cresce, porque tá fora do seu controle, são suas unhas e seu cabelo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dri,
você é mesmo muito boa!

um beijo.

Tim.

Adriana Brunstein disse...

Tim,
você é mesmo muito suspeita!
outro beijo.