quarta-feira, 30 de maio de 2012

Meu livro já pode ser adquirido através do e-mail panelinhabooks@gmail.com. Logo mais a editora Panelinha Books o distribuíra em alguns pontos. Sobre ele, nada melhor que as palavras do Lourenço Mutarelli que assina o prefácio abaixo:

Quando entrei em “Estado Fundamental” não tive o cuidado de verificar o endereço do prédio. Fui entrando, simplesmente. Pensando que conhecia Adriana, entrei desarmado. De início fiquei espantado, pois a voz que ouvi não era a dela. A voz que me guiava era a dele, desse nada. Eu devia ter tido mais cuidado. É sempre bom ter cuidado quando se segue alguém que se apresenta dessa forma, nada. Esse nada que se aloja. Ao andar pelos corredores do prédio pude ouvir sons e vozes familiares que escapavam pelas frestas das portas e por outras frestas, também. Ouvi vozes muito familiares. Em um dos apartamentos julguei ter ouvido a minha. Já havia estado, inclusive, num apartamento de uma tal de Marla. Mas, a Marla que conheci era um fantasma. Não sei o mesmo. Não sei se os fantasmas, assim como os anjos, têm sexo. Há muito não entrava tão profundamente em um livro. Adriana Brunstein escreve como um homem. Digo, no bom sentido, porque o personagem principal, cujo nome não se pode pronunciar, é um homem. É impossível perceber qualquer vestígio de Adriana, da Adriana que eu conheço, nesse tal, nesse tal de nada. A história é sombria porque outro prédio provavelmente muito mais luminoso recebe a luz direta do sol. E esse outro prédio luminoso, afortunado, com cômodos muito maiores e famílias reduzidas encobre e rouba toda luz que poderia chegar e despeja nesse prédio apenas sombra. Nesse prédio cujo endereço não conferi. Toda a cidade, todos os personagens, os bares parecem fazer parte do mesmo cenário. Todos os lugares aqui têm o mesmo endereço. Não quero falar da história que é cíclica e por isso, infinita. Desejo que entre e percorra essas páginas. Que descubra que seguimos todos a mesma lei, nem humana nem divina. Simplesmente física. Entre e descubra o nome desse nada. Descubra o endereço desse edifício miserável. Ao fim da leitura percebi que nesse mesmo prédio moram os meus personagens. Eles bebem nesse mesmo bar. Mas, o que mais me desconcertou foi descobrir porque Adriana não batizou seu protagonista. Porque ele tem o seu nome. Ele tem o meu nome. E Adriana fala no timbre da nossa voz. “O resto é estática”.

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