terça-feira, 17 de janeiro de 2012


tem dia que eu acordo fatalmente decidida a me apaixonar por qualquer protagonista de filme noir. bem eu. com meus jeans surrados, a camiseta branca, um all star com sola gasta, as unhas roídas, uns batons velhos perdidos na caixa de fusíveis e uma osteopenia tratada com desprezo. nesse dia eu te chamo de boyler, bogart, widmark,  me sento numa mesa de canto, peço uma vodka, entreouço o diálogo de dois suspeitos que falam em código morse e transcrevo tudo num guardanapo. tento me equilibrar em saltos de sete centímetros enquanto saco meu american express com o nome de barbara stanwyck. bato na sua porta com certa apreensão e você mal me reconhece por trás dos óculos escuros demais para o meu rosto. te conto sobre o telefonema e sobre o cara que se masturbava compulsivamente atrás das araras de lingeries tradicionais daquela loja de departamento. mas minha cruzada de pernas é tão desengonçada que você começa a dar risada. e eu te peço, acende o meu cigarro, essa piteira exige demais do meu fôlego.

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