hoje eu tô usando a camiseta daquele filme com o de niro e imaginando o tal segurança que deu calote nas putas colombianas comendo a sarah palin. comendo mesmo. tipo pagando duzentos dólares pra vendar aquele puritanismo todo que ela traça com granola toda manhã. isso me enoja. granola, quero dizer. ela jogava leite desnatado na porra da granola porque não gostava do barulho de coisas crocantes sendo mastigadas. dizia que ecoava na cabeça dela. não, não a sarah. o mais perto que eu cheguei do alaska foi essa garota. ela tinha uma mancha na planta do pé e uma tia que testemunhou a aparição da nossa senhora numa torrada. aí ela entrou numas de álcool gel e sexo com assepsia. cara, eu te juro que teria muito mais tesão trepando com uma garrafa de vodka. arriscando até ser ciruncidado por um caco de vidro. só pra sujar aquele lençol anti-ácaro com minhas hemácias podres. ela que me ensinou isso do sangue ter hemácias. e umas duas outras coisas também. mas sabe como é, minha memória tá fazendo serenata em outro lugar. e eu tô aqui limpando sujeira das unhas da minha mão com um palito pra bater uma. não, não tô pensando nela. sério mesmo. se tivesse eu até te diria que ela era a cara da putinha do taxi driver. esqueci o nome da atriz, mas anos depois ela se meteu a desvendar mente de psicopata. faz frio pra cacete no alaska, né não?
quinta-feira, 26 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
eu nasci quando você assistia the rocky horror picture show
podia ter sido no banco traseiro de um buick 1976, pneu furado e tals, numa estrada poeirenta no meio de lugar nenhum. no meio do arizona. podia ter um suadouro, mas cá entre nós, eu estaria em pânico só com a possibilidade de um mexicano asesino en serie me obrigar a pagar boquete prum cacto. aí foi naquele motel escroto com cheiro de puta vencida e cocaína adulterada. ou ao contrário. eu embaralho as ideias da mesma maneira que você embaralha minhas pernas e eu te roubo atitudes assim mesmo, na cara dura. até quando minha boca está mastigando espuma de travesseiro vagabundo pra suportar a torção do meu braço sobre minhas costas. podia ter sido na escada de um predinho de três andares porque um trouxa abriu a porta pra pegar a comida chinesa. eu estourando sachês de shoyu com meus joelhos em carne viva. você dizendo pra velha sonâmbula que não consegue gozar com cheiro de leite de rosas e atirando o tênis na lâmpada de emergência. mas foi naquele fiapo de luz artificial que vazava pelos buracos de traças e iluminava teu movimento doente e - ah, como eu agradeço a isso - isento de delicadeza. podia ser um resto tosco de dignidade mas é só você pedindo um tempo para arrancar meus fios de cabelo do seu relógio de pulso. eu espero, baby, eu espero.
(publicado originalmente na revista clitoris)
quarta-feira, 18 de abril de 2012
a tv sair do ar bem no meio de beavis and butthead chega bem perto do que eu chamo, a contragosto, de mau presságio. aí você vê duas da manhã brilhando no relógio digital e fica só esperando a garotinha do poltergeist sair do meio da estática. às duas e cinco você pensa que teria sido melhor ela ficar por lá mesmo ao invés de virar uma charlie´s angel ou fazer par romântico em comediazinhas escrotas com aquele mala inglês do hugh grant. provavelmente agora você tá pensando na divine brown e eu não te culpo por isso. acho que todo blow job bem feito merece consideração. mas por aqui eu tive que me contentar com duas fatias de wickbold light saltando da torradeira. vai vendo se mau presságio foi exagero de minha parte. vai pensando que fonte de fibras na madrugada é uma decisão tão inteligente quanto o finado galaxy. pelo menos eu consegui terminar aquele livro do irvine welsh e o último conto é bom pacas. no mínimo a gente fica sabendo que escócia é mais do que algo que é servido num copo. falando nisso, eu tô com uma coleção incrível de copos temáticos de requeijão e não terei escrúpulo algum em te convidar pra uma exposição. vou até dar um nome pro infeliz que tem essa porra de trabalho. núncio alvarenga. decorador e projetista de temas de copo de requeijão. brindemos a ele.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
o sol atinge seus olhos com raios homeopáticos e você mal se livrou daquele sonho estranho. ele insiste. ele insiste naquela sua corrida sem obstáculos. no meio do nada. ele tem até as manhas de tirar uma da sua cara na hora em que o vin diesel passa, veloz e furioso, num corvette grand sport 1966. você até arrisca o gesto do carona mas quando você consegue mover as mãos você tá mandando um cool pra porra de um cacto. o foda é que agora você tá acordado queimando seus miolos numa ridícula tentativa de interpretar seu subconsciente. vou te falar, meu irmão, essa é a pior cagada que você pode arrumar pra sua vida. era vera o nome dela, não era? pelo menos é o que me lembro de ter lido naqueles seus poeminhas rabiscados. é, era vera sim. você a metia em rimas fáceis, fazia toda uma brincadeira com prefixos e reticências. você a chamava de ponto e vírgula por conta daquele defeito quase imperceptível. eu não sou lá um expert em coisas desse tipo mas acho que você machucou a garota. machucou um bocado. aquilo que chamam de ferir sentimentos e tals. aí você socava suas culpas nas fuças de um coitado que tava só esperando o ônibus cedo demais. o cara tava só evitando horário de pico mas teve a audácia de te dizer bom dia. cá entre nós, meu caro, bom dia, de vez em quando, é a melhor coisa que você tem pra falar se não for ficar quieto. cola mais que in vino vera está. o verso estúpido que você colocou numa garrafa de malbec. agora tá aí, esperando a próxima enchente pra mandar sua obra prima. eu, se fosse você, não contaria com a previsão do tempo. os caras erram pra cacete.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
parcialmente nublado mas que se dane, meu interesse por astronomia minou logo no big bang. depois disso foram só três minutos pra que se configurasse a merda toda. aí, baby, vem desavisado atribuir tudo ao cosmo e, na falta de poder de persuasão, apela pra "há uma carranca enterrada sob sua sala". pode acreditar que eu ouvi algo desse naipe e fiquei imaginando um mané indo até o rio são francisco pra surrupiar a carranca de uma embarcação fantasma e depois arrancar uma meia dúzia de tacos aqui pra enterrar a coisa. eu posso ser distraída, baby, mas são menos de dois segundos prum barulho de obra me tirar a razão. acho até que eu tô te dando um exemplo agora, um exemplo da minha falta de razão. tô abrindo uma caixa de pandora com pé-de-cabra sem gastar uma única gota de pudor. aliás, nem de suor. agora tem essas porras que duram 48 horas, bem além do que conseguiram fazer com o amor. porque se eu manjasse alguma coisa de patentes já teria tirado do papel aquela ideia antiga de amor em roll-on, só com uma única instrução, esfregar em áreas um pouco mais nobres que o sovaco. aí cada um define a nobreza que lhe convém e eu me safo de qualquer tipo de processo. ah, baby, é isso. é você fazendo falta demais. o que eu queria agora, de verdade, era ser uma ave migratória - o bicho tem as manhas de seguir campo magnético - só pra te encontrar no meio da estrada e te fazer uma declaração adolescente. pensei inevitavelmente em: você é o norte da minha bússola. e depois te digo, melhor, te juro, que você é a única coisa que tem sentido no meio dessa merda toda.
terça-feira, 10 de abril de 2012
porque hoje, quando eu te pedir gentilezas, não acate. não entre nesse meu jogo de sobrancelhas arqueadas nem pare o trânsito para que eu atravesse a rua. hoje eu tô atrás de ataduras, feridas expostas, processos dolosos, inquisições sem santidade. hoje eu não quero dignidade. hoje eu quero cassavetes, dedo na garganta, um destilado ruim pra acompanhar as bolinhas de menta de um maço roubado de pall mall. hoje eu quero discar um número qualquer e anunciar uma tragicomédia, pedir resgate por uma tumba violada, desistir de thomas pynchon na segunda tentativa. hoje eu quero ser voluntária numa obra de caridade e gritar a versão com final triste dos contos de fadas. quero alguém que me desafie num jogo da velha traçado com lâmina nas minhas costas, ludibriar dois grupos de pesquisa com o mesmo placebo, te escrever uma carta com erros crassos e uma cantiga para embalar pesadelos. hoje eu quero uma corda com nó de escota pra decorar o teto e cubos de açúcar no café requentado. hoje tua falta vai doer como nunca. só escuta. amanhã, quando eu te pedir gentilezas, não atrase.
sábado, 7 de abril de 2012
aí não importa mais se eu tenho uma queda por um momento spielberg quando chamo fogo fátuo de atividade paranormal. eu seco minhas lágrimas em lencinhos com ideogramas chineses e repito à exaustão o mantra que me chegou via e-mail numas de tentar passar algumas horas sem você. a gente deixou pra trás o que combinou, aquela escalada fake numa parede de academia não valia o preço e não contava com as nossas redes de segurança cheias de elasticidade. a gente quicou um bocado, não foi? e aquela sensação do estômago na garganta não era nada ruim, quer dizer, passava rápido, durava o tempo exato de eu poder me pendurar nos teus braços de novo e fingir um novo sintoma de labirintite. até que você me afastasse com cuidado e me lançasse aquele olhar de taxi driver com preço de bandeira 2. até que você fosse me desmascarando entre aqueles gestos desengonçados de arrancar o tênis de um pé com o outro. até que eu me rendesse à sua chave de perna - que se dane ken shamrock - sem pedir água. até que eu perdesse totalmente a capacidade de me distinguir de você. eu colecionaria toda tua anatomia em fascículos semanais de 9,99.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
te chamam de anjo torto que tateia no escuro procurando a terceira asa. te exigem um equilíbrio estável quando você caminha descalço sobre pregos. te mandam suportar a felicidade da última fotografia dos teus avós e dizem, é só passar um pano úmido na moldura. e aí você se dá conta que um pano úmido é tudo o que você tem. e você pode, veja só, esfregar tudo o que você tem na cara de um desavisado que anda de um jeito esquisito demais pra chegar a algum lugar. talvez do mesmo jeito que você andava quando teus pais meteram botas ortopédicas nos teus pés e aviaram uma receita falsa de convivência pacífica. você não consegue se lembrar do rosto da primeira garota que amou, a que se sentava três carteiras à sua frente. mas naquela aula de biologia você aprendeu que o que te cerca se chama epiderme e você gargalha ao perceber que pode esfacelar o que te cerca com uma gilete. opte por uma marca vagabunda. vai te custar menos de um real.
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