não é em pandas em extinção que você pensa quando mete a cabeça no travesseiro. é na maldita insônia, nos cabelos dela, no filho da puta que desenhou uma genitália com caneta bic ao lado da sua campainha. é na briga que você vai arrumar assim que um desavisado te olhar de soslaio ao te perguntar as horas. é no jeito que ela andava ou torcia alternadamente os pulsos. é no seu telefone fixo com linha econômica que te impede de ligar pra ela e vomitar cinco dúzias de frases que você decorou de v for vendetta. você pensa na inútil gravidade que não derruba o teto sobre sua cabeça e em técnicas para torturar o pequeno príncipe. em gelar seu bourbon com cacos de vidro temperado e na garrafinha plástica que ela enchia de vida e de gatorade enquanto se alongava. você começa a matar pernilongos imaginários pra tirar da cabeça aquela música do johnny cash e tenta se lembrar da capa da playboy de maio de 95. você adquire a compulsão de estourar sachês vencidos de catchup e ler jornais velhos como se fossem máquinas do tempo. mas você sabe que ela não vai voltar porque um dia, com os olhos borrados de rímel, ela quase te convenceu que havia um sentido para tudo.
2 comentários:
ah, isso aqui é um banquete! você nem sabe como eu gosto de ler você...
um beijo grande
ah, eu fico tão feliz, Screamin Liver Jefferson!
outro beijo bem grande
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