porque hoje, quando eu te pedir gentilezas, não acate. não entre nesse meu jogo de sobrancelhas arqueadas nem pare o trânsito para que eu atravesse a rua. hoje eu tô atrás de ataduras, feridas expostas, processos dolosos, inquisições sem santidade. hoje eu não quero dignidade. hoje eu quero cassavetes, dedo na garganta, um destilado ruim pra acompanhar as bolinhas de menta de um maço roubado de pall mall. hoje eu quero discar um número qualquer e anunciar uma tragicomédia, pedir resgate por uma tumba violada, desistir de thomas pynchon na segunda tentativa. hoje eu quero ser voluntária numa obra de caridade e gritar a versão com final triste dos contos de fadas. quero alguém que me desafie num jogo da velha traçado com lâmina nas minhas costas, ludibriar dois grupos de pesquisa com o mesmo placebo, te escrever uma carta com erros crassos e uma cantiga para embalar pesadelos. hoje eu quero uma corda com nó de escota pra decorar o teto e cubos de açúcar no café requentado. hoje tua falta vai doer como nunca. só escuta. amanhã, quando eu te pedir gentilezas, não atrase.
2 comentários:
era esse o bilhete que eu queria pregar hoje pela manhã numa geladeira.
amor,
Tim.
às vezes falta espaço na geladeira, né, tim?
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